Uma nova campanha nacional foi lançada para incentivar a denúncia de violência psicológica, buscando conscientizar a população sobre a gravidade desse tipo de agressão. Embora muitas vezes seja silenciosa e invisível, a violência psicológica pode trazer consequências profundas para as vítimas. O objetivo principal é romper o ciclo de silêncio que muitas vezes envolve esses casos e trazer o tema à tona em todo o território brasileiro.
A iniciativa conta com uma ampla divulgação em meios de comunicação como televisão, rádio e redes sociais, utilizando histórias reais e mensagens de apoio. Segundo especialistas, as vítimas de violência psicológica frequentemente duvidam do próprio sofrimento, pois faltam marcas físicas. A psicóloga Ana Lúcia Machado explica: "A ausência de sinais visíveis muitas vezes faz com que a vítima minimiza o abuso, o que dificulta ainda mais a busca por ajuda".
Dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública indicam que, em 2023, cerca de 35% das mulheres relataram já ter sofrido algum tipo de violência psicológica. Essas estatísticas preocupam autoridades e reforçam a importância de criar canais acessíveis para denúncias. Além disso, os números destacam que a maioria dos casos ocorre no ambiente doméstico, muitas vezes dentro das próprias relações familiares ou amorosas.
Para combater o problema, a campanha nacional aposta em ações informativas, como palestras em escolas, panfletos explicativos em postos de saúde e vídeos educativos nas redes públicas de transporte. O intuito é informar não só as vítimas, mas também familiares, amigos e comunidades sobre como identificar sinais desse tipo de abuso. Reconhecer fatores como manipulação emocional, humilhações constantes e isolamento social torna-se essencial para a prevenção.
As autoridades envolvidas enfatizam a importância do uso dos canais de apoio disponíveis. O Disque 180, por exemplo, é uma linha direta nacional para denúncias de violência contra a mulher, que também atende casos de violência psicológica. Segundo o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, houve um aumento de 20% nas ligações relacionadas a violência psicológica no último ano, refletindo maior conscientização e confiança nos sistemas de denúncia.
Além da linha telefônica, projetos-piloto de atendimento psicológico gratuito vêm sendo implementados em algumas cidades, como parte da campanha. Esses serviços oferecem escuta qualificada, orientação e, quando necessário, encaminhamento das vítimas para a rede de proteção social e jurídica. Segundo Juliana Ramos, assistente social e coordenadora do projeto, "o acolhimento inicial é fundamental para que a vítima não se sinta sozinha e desamparada".
Movimentos da sociedade civil também desempenham papel ativo na campanha. Organizações não-governamentais promovem rodas de conversa, grupos de apoio e oficinas de autoestima direcionadas a vítimas e familiares. Essas iniciativas buscam fortalecer emocionalmente quem sofre a violência, além de criar uma rede de suporte capaz de identificar e intervir em situações de risco. Parcerias com escolas e empresas ampliam ainda mais o alcance do trabalho.
A legislação brasileira reconhece desde 2006, com a Lei Maria da Penha, a violência psicológica como crime passível de punição. No entanto, especialistas afirmam que muitos casos ainda não chegam ao conhecimento das autoridades. A falta de provas materiais e o medo de retaliação são barreiras comuns. Por isso, a campanha enfatiza a importância de registrar todas as ocorrências e buscar testemunhas, sempre que possível.
Um dos grandes desafios, segundo defensores públicos, é mudar a cultura do silêncio que permeia a sociedade brasileira. Muitas vítimas sentem vergonha ou medo de serem desacreditadas ao relatarem suas experiências. Para combater esse estigma, a campanha aposta em depoimentos de sobreviventes e na disseminação de informações que validem o sofrimento real das pessoas que enfrentam violência psicológica.
Por fim, as expectativas com relação aos resultados da campanha são positivas. As autoridades esperam não apenas aumentar o número de denúncias, mas também reduzir os índices de reincidência desse tipo de agressão. O envolvimento da sociedade, a ampliação dos canais de apoio e o fortalecimento da legislação são vistos como fatores essenciais para promover uma mudança cultural e proteger, de modo efetivo, as vítimas de violência psicológica no Brasil.

